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quinta-feira, abril 29, 2010
quarta-feira, abril 28, 2010
terça-feira, abril 27, 2010
Li isto algures:
Tantos pintores
Tantos pintores...
A realidade, comovida, agradece mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem
Tantos escritores
A realidade, comovida, agradece
e continua a fazer o seu frio
sobre bairros inteiros na cidade
e algures
Tantos mortos no rio
A realidade, comovida, agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito
Ela sabe que os pintores
os escritores e quem morre
não gostam da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito pode sufocar
Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem vontade
dá voltas à solidão da realidade
Mário Cesariny
segunda-feira, abril 26, 2010
Li isto no blogue do João Pedro Martins:
Segredos
[...os segredos são apenas aquelas pequenas coisas
a que não damos grande importância.
As outras, as coisas realmente importantes,
essas nós não conseguimos viver com elas.
É por isso que partilhamos.
E é aí que deixamos uma parte da nossa vida.
Os segredos não são nossos. Não são de ninguém. ]
João Pedro Martins
sábado, abril 24, 2010
quinta-feira, abril 22, 2010
quarta-feira, abril 21, 2010
terça-feira, abril 20, 2010
segunda-feira, abril 19, 2010
domingo, abril 18, 2010
sábado, abril 17, 2010
sexta-feira, abril 16, 2010
quinta-feira, abril 15, 2010
Para ti Manuela
Como Queiras, Amor...
Como queiras, Amor, como tu queiras.
Entregue a ti, a tudo me abandono,
seguro e certo, num terror tranquilo.
A tudo quanto espero e quanto temo,
entregue a ti, Amor, eu me dedico.
Nada há que eu não conheça, que eu não saiba,
e nada, não, ainda há por que eu não espere
como de quem ser vida é ter destino.
As pequeninas coisas da maldade, a fria
tão tenebrosa divisão do medo
em que os homens se mordem com rosnidos
de malcontente crueldade imunda,
eu sei quanto me aguarda, me deseja,
e sei até quanto ela a mim me atrai.
Como queiras, Amor, como tu queiras.
De frágil que és, não poderás salvar-me.
Tua nobreza, essa ternura tépida
quais olhos marejados, carne entreaberta,
será só escárneo, ou, pior, um vão sorriso
em lábios que se fecham como olhares de raiva.
Não poderás salvar-me, nem salvar-te.
Apenas como queiras ficaremos vivos.
Será mais duro que morrer, talvez.
Entregue a ti, porém, eu me dedico
àquele amor por qual fui homem, posse
e uma tão extrema sujeição de tudo.
Como tu queiras, meu Amor, como tu queiras.
Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'
quarta-feira, abril 14, 2010
terça-feira, abril 13, 2010
Li isto algures:
Retrato de uma princesa desconhecida
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Mello Breyner Andresen
segunda-feira, abril 12, 2010
domingo, abril 11, 2010
sexta-feira, abril 09, 2010
Li isto do Pedro Belo Clara:
poema dedicado às mentes criativas
Vagueando por avenidas de ideias,
Ladeado de folhas por preencher,
Tentado pela virtude da acção
E pelo que não almejo conhecer,
Ainda com tanto por congeminar
E com tão escassa vontade para tal,
Permito que as filosofias errantes
Se atropelem no abandonado mural.
Agrada-me o silêncio suave,
Os leves contornos indefinidos
De uma vastidão em crescendo
Que arrebata intentos desprotegidos;
Satisfaz-me este feitiço de inércia,
Uma certa indolência pecaminosa
De ondulante e lascivo carácter
Com atitude firme e orgulhosa.
Num oceano de desencontros
E de forças subaproveitadas,
Sussurro às doze ninfas do bosque
Que repousam – algumas – deitadas
E firmo o meu rumo ao Sul,
Aos portões da ilha da contemplação,
Agora que sereno e só navego
Pelos mares da imaginação.
E logo me invade aquele perfume,
Aquele néctar de efeitos fulminantes,
Na terra onde a beleza se distende
Pela quietude de todos os instantes.
Pedro Belo Clara – 02/03/2010 copiado daqui:
quinta-feira, abril 08, 2010
quarta-feira, abril 07, 2010
Enviado pela Margarida
"Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo..."
Frei Antônio das Chagas, Séc. XVII
terça-feira, abril 06, 2010
quinta-feira, abril 01, 2010
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