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domingo, janeiro 31, 2010
sábado, janeiro 30, 2010
sexta-feira, janeiro 29, 2010
quinta-feira, janeiro 28, 2010
quarta-feira, janeiro 27, 2010
terça-feira, janeiro 26, 2010
segunda-feira, janeiro 25, 2010
domingo, janeiro 24, 2010
sábado, janeiro 23, 2010
sexta-feira, janeiro 22, 2010
Li isto algures:
[...Yo quiero ver aquí los hombres de voz dura.
Los que doman caballos y dominan los ríos:
los hombres que les suena el esqueleto y cantan
con una boca llena de sol y pedernales...]
Federico García Lorca, "Cuerpo Presente", 1935
quinta-feira, janeiro 21, 2010
Li isto algures:
Morreu por três quadros de flores
O único escritor haitiano que conheço tem nome pomposo como o chapéu napoleónico de Toussaint Louverture: Louis-Philippe Dalembert. Trago-o para aqui só por causa do título de um dos seus romances: Le crayon du bon Dieu n'a pas de gomme (O lápis do bom Deus não tem borracha). Deus fez, está feito, não há mais pinceladas a dar. Um fotógrafo da Reuters ilustrou esse derrotismo, ontem, com Fabienne. A rapariga está deitada numa laje de cimento que ilustra o terramoto que nos chamou a todos para o Haiti, há rachas, blocos partidos... Fabienne também está assim, acabada. Tinha sido poupada ao terramoto, o lápis do bom Deus tinha outros propósitos para ela, sem borracha para lhe safar o destino. Ontem, ela foi roubar quadros. "Voleuse d'art" é também pomposo como o chapéu do imperador Toussaint Louverture. Fabienne roubou três desses quadros que os haitianos vendem nas praias da vizinha Punta Cana a 15 dólares (10, regateados). Em dias destes, ela era uma saqueadora. Os quadros eram de flores, um deles de dálias róseas, e tinham ainda daqueles cartões que protegem os ângulos das molduras. A foto mostra Fabienne, sobre os quadros. Morreu logo ao tiro do polícia, não estrebuchou, nenhum dos chinelos lhe saiu dos pés. No Haiti deve ser isso uma natureza morta.
Ferreira Fernandes, DN
quarta-feira, janeiro 20, 2010
terça-feira, janeiro 19, 2010
segunda-feira, janeiro 18, 2010
Acabei de ouvir este poema lindo. Obrigado Ana e João.
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta que dissesse
deste anseio
de te ver
deste receio
de te perder
deste mais bem querer que sinto
deste mal indefinido que me persegue
desta saudade a que vivo todo entregue...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta de confidências íntimas,
uma carta de lembranças de ti,
de ti
dos teus lábios vermelhos como tacula
dos teus cabelos negros como dilôa
dos teus olhos doces como maboque
do teu andar de onça
e dos teus carinhos
que maiores não encontrei por aí...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
que recordasse nossos tempos na capopa
nossas noites perdidas no capim
que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
o luar que se coava das palmeiras sem fim
que recordasse a loucura
da nossa paixão
e a amargura da nossa separação...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
que a não lesses sem suspirar
que a escoindesses de papai Bombo
que a sonegasses a mamãe Kieza
que a relesses sem a frieza
do esquecimento
uma carta que em todo o Kilombo
outra a ela não tivesse merecimento...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta que ta levasse o vento que passa
uma carta que os cajús e cafeeiros
que as hienas e palancas
que os jacarés e bagres
pudessem entender
para que o vento a perdesse no caminho
os bichos e plantas
compadecidos de nosso pungente sofrer
de canto em canto
de lamento em lamento
de farfalhar em farfalhar
te levassem puras e quentes
as palavras ardentes
as palavras magoadas da minha carta
que eu queria escrever-te amor....
Eu queria escrever-te uma carta...
Mas ah meu amor, eu não sei compreender
por que é, por que é, por que é, meu bem
que tu não sabes ler
e eu - Oh! Desespero! - não sei escrever também.
António Jacinto , "Carta de um contratado"
domingo, janeiro 17, 2010
sábado, janeiro 16, 2010
sexta-feira, janeiro 15, 2010
Girassol Verde ( Cópia de email enviado à RDP AFRICA )
Olá amigos bom dia e bom trabalho.
Sou o Fernando Cabral do blog http://dotspixels.blogspot.com. Ouvi os vossos comentários ao meu blog e fiquei muito emocionado. Espero que continuem a visitá-lo pelo menos uma vez por semana.
Mais emocionado fiquei quando leram o poema da Teresinha. A Teresa Cabral é minha filha, vocês na altura tiveram essa dúvida, e como eu penso que isto é apenas um entretém familiar esqueço-me de referir alguns detalhes.
Como todos os Pais do mundo eu também sou um Pai babado, mas reconheço que a Teresa é um ser especial. Incentivada pelas vossas palavras decidiu participar num concurso de poesia a nível da escola. Há dias propôs-me um projecto que para mim é quase um projecto de vida, ou de uma vida.
Comentei cá em casa que a vida fora da cidade de Malange, nomeadamente na Baixa de Cassange estava muito difícil por falta de quase tudo.
A Teresa no dia seguinte propôs-me que organizásse-mos um grupo com o objectivo de dinamizar e angariar fundos para a criação de uma escola e uma enfermaria básica na terra onde eu nasci. No Cambo, Baixa de Cassange, Malange. E juntos temos organizado ideias quanto ao necessário.
Para a sala de aulas o material: cadeiras, mesas, quadro, giz, cadernos, etc; Para a enfermaria temos conversado com enfermeiros para elaborar a lista das coisas.
Em conjunto e como idealizámos tudo a funcionar no mesmo espaço, a energia eléctrica seria suportada por painéis solares, com o respectivo equipamento de gestão e armazenamento de energia, por forma a permitir duas ou três lâmpadas, um micro-ondas e um frigorífico.
Com um micro-ondas temos esterilização e com o frigorífico temos medicamentos, vacinas, etc.
Já agora uma bomba de água eléctrica e quem sabe uma pequenina estação de tratamento de água.
Bem, estamos na fase do projecto, da orçamentação, depois passaremos a fase da constituição legal da "associação", mas em paralelo precisamos de ajuda para chegar às autoridades locais.
Nome já temos: GIRASSOL VERDE.
O resto é o dia-a-dia e a nossa capacidade para colocar tudo a funcionar. Como diz o nosso amigo "quem não se conforma arranja forma".
Já agora e só para terminar, gostaria de fazer um apelo às diracções dos vários canais de televisão: desde que começaram a chegar as primeiras imagens do sismo no Haiti, estas são passadas sem filtrarem a dureza e crueldade das mesmas. Já toda a gente percebeu o que está a acontecer, e o que aconteceu deixa-me sem palavras, deixa-me prostrado. Mas não é passando a toda a hora, repetindo uma e outra vez imagens de cadáveres na rua, e pessoas ensanguentadas que alivia o sofrimento ou informa melhor as pessoas. Ontem fui dar com as minhas duas filhas a chorarem compulsivamente, e fiquei preocupado. Neste caso, já não é uma questão de informação ou de passagem de mensagem. É brutal.
Bem, já vos tomei muito tempo.
Para todos um abraço.
E talvez um dia destes a Teresinha vos bata à porta para falarmos do Girassol Verde.
Bom fim de semana Ana e João.
Sou o Fernando Cabral do blog http://dotspixels.blogspot.com. Ouvi os vossos comentários ao meu blog e fiquei muito emocionado. Espero que continuem a visitá-lo pelo menos uma vez por semana.
Mais emocionado fiquei quando leram o poema da Teresinha. A Teresa Cabral é minha filha, vocês na altura tiveram essa dúvida, e como eu penso que isto é apenas um entretém familiar esqueço-me de referir alguns detalhes.
Como todos os Pais do mundo eu também sou um Pai babado, mas reconheço que a Teresa é um ser especial. Incentivada pelas vossas palavras decidiu participar num concurso de poesia a nível da escola. Há dias propôs-me um projecto que para mim é quase um projecto de vida, ou de uma vida.
Comentei cá em casa que a vida fora da cidade de Malange, nomeadamente na Baixa de Cassange estava muito difícil por falta de quase tudo.
A Teresa no dia seguinte propôs-me que organizásse-mos um grupo com o objectivo de dinamizar e angariar fundos para a criação de uma escola e uma enfermaria básica na terra onde eu nasci. No Cambo, Baixa de Cassange, Malange. E juntos temos organizado ideias quanto ao necessário.
Para a sala de aulas o material: cadeiras, mesas, quadro, giz, cadernos, etc; Para a enfermaria temos conversado com enfermeiros para elaborar a lista das coisas.
Em conjunto e como idealizámos tudo a funcionar no mesmo espaço, a energia eléctrica seria suportada por painéis solares, com o respectivo equipamento de gestão e armazenamento de energia, por forma a permitir duas ou três lâmpadas, um micro-ondas e um frigorífico.
Com um micro-ondas temos esterilização e com o frigorífico temos medicamentos, vacinas, etc.
Já agora uma bomba de água eléctrica e quem sabe uma pequenina estação de tratamento de água.
Bem, estamos na fase do projecto, da orçamentação, depois passaremos a fase da constituição legal da "associação", mas em paralelo precisamos de ajuda para chegar às autoridades locais.
Nome já temos: GIRASSOL VERDE.
O resto é o dia-a-dia e a nossa capacidade para colocar tudo a funcionar. Como diz o nosso amigo "quem não se conforma arranja forma".
Já agora e só para terminar, gostaria de fazer um apelo às diracções dos vários canais de televisão: desde que começaram a chegar as primeiras imagens do sismo no Haiti, estas são passadas sem filtrarem a dureza e crueldade das mesmas. Já toda a gente percebeu o que está a acontecer, e o que aconteceu deixa-me sem palavras, deixa-me prostrado. Mas não é passando a toda a hora, repetindo uma e outra vez imagens de cadáveres na rua, e pessoas ensanguentadas que alivia o sofrimento ou informa melhor as pessoas. Ontem fui dar com as minhas duas filhas a chorarem compulsivamente, e fiquei preocupado. Neste caso, já não é uma questão de informação ou de passagem de mensagem. É brutal.
Bem, já vos tomei muito tempo.
Para todos um abraço.
E talvez um dia destes a Teresinha vos bata à porta para falarmos do Girassol Verde.
Bom fim de semana Ana e João.
quinta-feira, janeiro 14, 2010
quarta-feira, janeiro 13, 2010
terça-feira, janeiro 12, 2010
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